Em Jequitibá da Mata, Divino recebeu um envelope enviado por Heitor. Dentro havia um cheque e uma carta onde Heitor rogava – em nome de todos os seus irmãos – o perdão pela irresponsabilidade do pai que nunca o reconhecera como filho e escondera o fato de toda a família. Pedia ainda que aceitasse o cheque cujo valor era equivalente à parte de Divino na herança deixada pelo pai.
Com
esse dinheiro, Divino conseguiu terminar seus estudos, completando-os
na cidade de Rio de Janeiro. Montou uma pequena clínica em Jequitibá
da Mata e uma vez por mês prestava assistência gratuita ao Hospital
Psiquiátrico onde morreu Maurício.
Passaram-se
alguns anos e o
desenvolvimento chegou devagarzinho em Acemira: a cidade finalmente
ganhara iluminação pública! E um
projeto que resgata a memória da
cidade também foi
aprovado pelos vereadores, dando à população
um pequeno museu que abriga vários objetos do tempo que Acemira
ainda não tinha sido inundada, e
também outros
objetos mais
novos, doados
pela população. Adriana
doou as pinturas de Maurício, que agora fica em exposição
permanente. E o belo quadro que retrata Cecília ao lado do cactus
está pendurado na Sala de Recepções
do Museu.
Mas
o Gramofone
de Getúlio ficou
esquecido no porão da casa da Sede, onde foi guardado pela
família e nunca mais de
lá foi retirado, desde que
se tornou obsoleto. É um
local de difícil acesso. Com
o abandono da Fazenda Águas
Frias, ninguém sabe que
permanece lá. Só eu.
Porém, a canção de Cecília
ganhou melodia, que Adriana compôs com muita criatividade! E
interpretada na bonita voz de um cantor famoso, por muitos anos ela
foi tocada nas paradas de sucesso, inclusive transmitida repetidas
vezes pela “Rádio Mineira” de Belo Horizonte, uma Rádio que por
setenta anos funcionou na capital mineira sintonizando na frequência
AM-690, e que teve muita audiência pela excelente qualidade de seus
programas, mas que infelizmente veio a encerrar suas atividades após
um longo período de decadência, quando a expansão das rádios FM e
o mau estado de suas precárias instalações na Rua José de
Alencar, por fim decretaram sua extinção. (*)
Do lucro gerado pela canção,
Adriana ajudou na economia de seus irmãos, que juntos compraram uma
pequena, porém, aconchegante casa, para abrigar a velhice dos pais.